segunda-feira, 29 de abril de 2019

quando foram buscar o A. ao hospital


Fez ontem um mês que o A. foi para a instituição e que, apenas, me permitem vê-lo uma hora por semana. Durante quase três meses em que ele esteve internado no hospital, eu estava praticamente com ele 24 horas sobre 24 horas, apenas saindo para ir a casa tomar banho, beber café para espairecer um bocadinho no pouco tempo que ele se deixava dormir ou ia uma vez por semana a casa dormir porque as dores no corpo eram tantas que tinha de me render ao descanso duma cama. Durante esses mesmos meses, fui informada desde o inicio que o A. ia para uma instituição assim que estivesse melhor e até que o caso fosse resolvido, para segurança dele. Na minha inocência e, tratando-se de um bebé tão pequeno, nunca pensei que o caso demorasse tanto tempo a ser resolvido e que o dia dele ir para a instituição realmente chegasse a acontecer. Mas aconteceu...
Umas noites antes, parecia que o pequeno A. estava a pressentir que

domingo, 28 de abril de 2019

Não sei se ansiava ou tinha receio que este dia chegasse, mas aos poucos vou-me protegendo deste vazio que tornou os meus dias cinzentos ou, quanto muito a preto e branco. Perdi-me no meio da escuridão em que o meu ser se tornou e envolvi-me em vazio, na esperança de um dia voltar a ver as cores que o mundo tem para me mostrar. Escondo-me no sorriso de uma alma esgotada, em que as lágrimas se vão secando sem que eu possa ter controlo sobre elas. Quando acompanhada, visto-me no corpo de uma mulher de força desejosa de chegar a casa e despir-se, apenas aquecendo-se de saudade.
Sei que se abriu uma ferida em mim que vai deixar uma cicatriz para o resto da minha vida, tornando-me em alguém que nunca fui, alguém sem medos de voltar a sofrer, seja porque motivo for. Tenho o meu motivo de sofrimento e tornei-me indiferente com o resto que me rodeia, sem medos de perder o que quer que seja além da maior dádiva que poderia ter recebido.
Já não amo com a mesma intensidade, já não me preencho com a mesma facilidade. Nada me satisfaz o suficiente para apagar esta dor que sinto mas também já não sou uma pessoa de expectativas fáceis ou baixas.
Deixei de me querer sujeitar ao pouco, ao mais ou menos, ao não sei... mas deixo andar, deixo ver até onde vou, deixo ver o que acontece. Sinto-me uma espectadora da minha própria vida, em que o desfecho da história não depende de mim. Sou apenas uma marioneta às mãos da justiça, da verdade e do vazio em que por mais que tenha vida própria, não a consigo controlar...

quinta-feira, 25 de abril de 2019


Dizem que é nos momentos de maior fragilidade que acabamos por encontrar alguém para fazer parte da nossa vida. Mas não é justo. Não é justo me ter apaixonado no meu maior momento de fragilidade, no momento em que a minha dor é tanta que a minha prioridade está bem longe de dar atenção a um outro alguém neste momento. Mesmo assim continuas aqui, comigo.
Gosto de ti mas

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Este ano não houve Páscoa, nenhum de nós estava com disposição. Para nós, a Páscoa nunca foi altura específica para chocolates ou outro tipo de doces porque em casa dos meus avós é só avisarmos que vamos lá algum dia e há sempre um truque na manga ou, melhor dizendo, um doce na mesa.
A Páscoa sempre foi um dia em que nos juntamos em família e convivemos todos. Este ano a família não estava completa. A minha família não estava completa. Sempre nos juntámos em casa dos meus avós, na companhia da minha mãe, da minha irmã, do meu tio, dos meus bisavós e primos. São a minha família mas não tenho o meu filho comigo, ou seja, a família não estava completa para celebrarmos a essência deste dia.
Fui apenas eu, a minha mãe e a minha irmã, numa visita normal a casa dos meus avós e limitámos-nos a sentar à mesa da cozinha e a falar das saudades e da falta que sentimos do meu pequeno A.. A seguir ao almoço, cada um se deitou para o seu lado e adormecemos à vez, por um par de horas até ser hora de nos irmos, praticamente, embora.
Não desejei uma boa Páscoa a ninguém, ía ser forçado e eu não consigo ser uma pessoa forçada e, muito menos nesta altura. 
Foi apenas mais um dia que tivemos de ignorar por uma injustiça que nos atormenta...

sábado, 20 de abril de 2019

agora o carro


Não acredito em maldições nem nada que tenha a ver com essas coisas mas pergunto-me se não terei de ir à bruxa. Já não bastava toda esta situação que nos está a acontecer e vá de me acontecer mais uma pitada de azar. Ontem saí de um trabalho e lá fui até ao centro da cidade para o segundo trabalho (sim, tenho dois trabalhos que me ajudam bastante a ter a cabeça ocupada para conseguir lidar com tudo).
O dia estava a correr mais ou menos bem, era véspera da minha folga, era véspera do dia em que vou ver o meu pequeno A., até que ao regressar a casa

segunda-feira, 15 de abril de 2019


Sábado fui-te ver meu amor e, assim que me viste, sorriste. Um sorriso tão rasgado que rapidamente me vieram as lágrimas aos olhos. Reconheceste-me! Apesar do que nos separa, não me esqueces. Apesar do que nos separa, nunca te esqueço. Pentearam-te como a mamã pediu, para o lado esquerdo. Acalma-me a alma de saber que ainda há coisas que posso decidir em relação a ti, mesmo que por mais mínimas que sejam. Não é fácil esta distância que nos foi incutida pelo mundo à nossa volta, sem a merecermos. Sinto-me refém desta injustiça que estamos a viver e que, por mais que lute para me soltar e voltarmos um para o outro, parece que caminho para um caminho sem saída. Vivo condicionada a uma rotina que não é a minha, que não é a nossa. Mas, começo a habituar-me a ela. E a saudade? Não, essa sei que será algo a que nunca me vou habituar até ter ter juntinho a mim novamente. Se vale a pena? Claro que sim! Envolves-me em esperança para que tenha forças de seguir em frente sem nunca me desviar do meu rumo.

Um dia vais saber o que fiz por mim, por ti e, principalmente, por nós. E sei, também, que um dia todo este pesadelo vai acabar e que mais nada nem ninguém nos irá separar e aí, viveremos o destino que tanto merecemos.

domingo, 14 de abril de 2019

violência psicológica também é violência doméstica



Quem é que nunca pensou ou pensa que violência doméstica é só agressões físicas?
Aconteceu comigo e eu sempre desvalorizei.
Achava que tinha discussões "normais" de casais até que chegou este ano e tive de contar a várias entidades, de diferentes áreas profissionais, como era a minha relação e o que me respondiam era sempre o mesmo:
- Você sabia que tinha uma relação conturbada?
ou
- Você sabia que é assim que começam os casos de violência doméstica?
Não, obviamente que não sabia. Era uma das muitas pessoas que pensava que violência doméstica se baseava apenas em agressões físicas e punha de parte o factor psicológico. Fui ver ao site da APAV os diferentes tipos de violência e houve dois com que me identifiquei, houve dois que fizeram parte da minha vida sem eu nunca dar conta.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

não me conformo

Estou a aprender a refugiar-me no trabalho para não me lembrar o quanto me sinto perdida sem ti ao meu lado... Quero esquecer-me de tudo o que aconteceu, sem me aperceber que é impossível esquecer, nem que seja por um segundo. Sinto-me na obrigação de provar a mim própria a pessoa que sou, sem merecer ter essa obrigação. Eu não mereço, tu não mereces. E eu não me conformo.
Não me conformo com esta espera interminável, em que cada dia que passa, morre mais um pouco de mim e me faz mudar. Fiquei mais fria e todos estão a pagar por isso. Todos à minha volta estão a pagar pelo que eu estou a pagar neste momento. Fecho-me cada vez mais. Isolo-me cada vez mais. Tento proteger-me cada vez mais.
Não me conformo por saber que já não sou a mesma. Nunca mais vou ser. Mas contigo sou. Sou e serei sempre. Serei sempre aquela que te tem como prioridade para todo o meu sempre, aquela que é capaz de correr o mundo inteiro para compensar todo o tempo perdido, aquela que te vai proteger com todas as forças assim que te voltar a ter nos meus braços. Não faz sentido. Não faz sentido ter um sorriso sentido sem ser contigo.
Não me conformo em chegar a casa, a cada dia que passa, e tu não estares. Estou cansada. Estou cansada desta guerra que não é a nossa. Estou cansada de estar rodeada de pessoas e me sentir sozinha, por tu não estares. Estou cansada de ter de parecer forte, mas ao chegar a casa desfazer-me em lágrimas, por tu não estares. 
Não me conformo com esta demora, esta espera, esta dor. Não me conformo com esta saudade. Não me conformo...