quinta-feira, 25 de abril de 2019


Dizem que é nos momentos de maior fragilidade que acabamos por encontrar alguém para fazer parte da nossa vida. Mas não é justo. Não é justo me ter apaixonado no meu maior momento de fragilidade, no momento em que a minha dor é tanta que a minha prioridade está bem longe de dar atenção a um outro alguém neste momento. Mesmo assim continuas aqui, comigo.
Gosto de ti mas
a dor é tanta que não sinto qualquer medo em me desapontar mais uma vez e sair magoada. Talvez por saber que nunca irei sofrer novamente, como tenho sofrido nestes últimos tempos, que sou assim tão desapegada. Vivi a não querer ver que vivia uma ilusão que agora vivo a querer ver que vivo numa ilusão. Não consigo dar-te tudo de mim e, sinceramente, nem quero. Aliás, quero mas não quero. Queria. Desejava conseguir mas não consigo. Sei que se voltar a dar tudo de mim e me entregar novamente de corpo e alma que depois desfaço-me em mágoas novamente. Tu sabes, mas mesmo assim continuas aqui, comigo.
Mesmo eu dizendo-te que não és nem a primeira nem a segunda e talvez nem sejas a minha terceira prioridade, tu não te importas. E tu sabes, sabes que dificilmente serás uma das minhas primeiras prioridades. Não que eu não queira mas porque não posso. Não me posso dar ao luxo de me entregar e correr o risco de te dar uma oportunidade. Uma oportunidade que provavelmente até mereces.
E eu não queria saber de homem algum e, muito menos me queria apaixonar. Não é justo, nem para ti nem para mim. Não é justo estares com uma pessoa que está presa à incerteza de se poder entregar a alguém e não é justo para mim saber que me quero entregar mas não consigo.
Quero-te perto mas exijo de mim manter-me longe. Digamos, com uma margem de segurança, sem que me afogue nos meus sentimentos turbulentos e que não me deixe ir no que, certamente, não passa de uma ilusão. Não por ti, mas por mim. Sim, parece cliché mas aqui é mesmo no sentido literal da frase. Não por ti, que nunca me deste motivos para me querer salvaguardar mas sim por mim, que me quero proteger de sofrer por algo que não é o momento de sofrer. E sei que um dia vou estragar tudo e tu vais dizer chega. Não te vou dar o devido valor e tu vais-te embora, não porque tu quisesses, mas sim porque eu é que te fiz querer.
Só queria que tu me mostrasses o quanto gostas de mim, que tu me fizesses querer ter-te como uma das tuas prioridades mas sei que não estás para isso e com razão. Não te crítico, também já tiveste os teus desgostos e, também tu, já mudaste por causa de alguém. E agora, não podemos dar um ao outro o que deveríamos dar e um dia isso vai dar cabo de nós e vai-nos separar. E não é justo. Estamos a fazer-nos pagar um ao outro, por coisas que já nos fizeram no passado e agora, não podemos viver um amor loucamente como era suposto. Mas não faz mal, eu percebo. A dor muda-nos. E eu mudei. E não te posso dar o que secalhar mereces, mesmo tu estando comigo no meu maior momento de fragilidade, na minha maior dor. E isso, sei com todas as certezas que não mereces. 
Agora que penso nisto, não é bem assim. Acho que estou a tentar enganar-me a mim própria ou a tentar convencer-me para não sofrer tanto se te fores embora. Quero-te. Acho que te mereço e que tu me mereces. E sim, vou ficar de rastos se te fartares, se me magoares ou se te fores embora simplesmente. Mas eu aguento. Já aguentei tanto, de qualquer maneira que também vou aguentar se isso acontecer. Mas só quero que me perdoes. Que me perdoes por não conseguir ser o que em tempos já fui com as pessoas erradas. Quero que perdoes que as minhas inseguranças falem mais alto ao ponto de arruinar qualquer confiança que outrora tive nas pessoas, no ser humano. Só quero que me perdoes por estares a pagar pela pessoa que hoje sou.

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