sexta-feira, 8 de março de 2019

confesso

Confesso que digo que mudo mesmo sabendo que continuarei a ser a mesma, aquela que acredita na bondade do outro como se de um livro aberto se tratasse. Confesso que, por mais que queira, não me consigo transformar naquela pessoa fria que tanto desejo ser, para me conseguir aguentar perante cada desilusão. Confesso que continuo a ser aquela pessoa de coração morno, que não perdoa cegamente mas que dá mais uma oportunidade a uma nova pessoa como se não houvesse amanhã.
Encontro-me no querer melhorar, no ter esperança de que o ser humano possa ser melhor, que o ser humano tenha solução no meio do turbilhão de erros e mentiras. Perco-me na desilusão de ser traída pela minha inocência, uma e outra vez, sem conseguir abrir os olhos para a dura realidade que me rodeia. 
A realidade de serem cada vez menos humanos neste mundo de desumanos. A realidade em que as palavras são mais mais obscenas e condenáveis do que as ações. A realidade em que a aparência é valorizada e o carácter é menosprezado.
Confesso que, mesmo não devendo, acredito em valores, em sentimentos, em pessoas. Acredito que o ser humano não muda mas que ainda tem a capacidade de melhorar, que ainda há esperança para a escuridão dos corações e que não somos apenas batimentos cardíacos.
Confesso que vivo numa ilusão em que a arrogância e a falta de caráter não se sobreponham à dignidade.

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